sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Vida a dois


A vida a dois




© Letícia Thompson


A vida a dois é difícil. Quando as pessoas são bem jovens, ela pode destruir a ilusão de namoro eterno, com o desgaste do dia-a-dia. E quando as pessoas resolvem passar a viver a dois depois de uma certa idade, alguns hábitos se instalaram nelas e tudo o que é novo vem perturbar isso. Daí tantos choques. Daí casamentos que não dão certo quando o namoro caminhava maravilhosamente bem.

Quando a gente sonha, nunca sonha problemas. Provavelmente é por isso mesmo que são chamados de sonhos. Quando se trata de amor, sonha-se com namoros, momentos a dois, uma harmonia perfeita. Mas chega a vida a dois... e dona realidade entra em cena.

Ai!... dona realidade! A gente começa a ver o outro exatamente como é quando se levanta, quando se deita, quando está de mau-humor, cansado. A ilusão do perfeito vai se desfazendo aos poucos. De tanto ver o outro, não há mais espaço para a saudade. Tudo vira tão comum!...

Quando atingimos um objetivo, deixamos de lutar por ele. Não passa pela nossa cabeça que é preciso, a cada dia, conservar essa conquista. Um namorado que vira esposo esquece-se do quanto é bom namorar, esquece-se que a Cinderela está ainda bem viva no interior daquela que seu coração escolheu. Uma namorada que vira esposa esquece-se muitas vezes que precisa estar bela para o seu querido.

Cada qual consagra mais do seu tempo a outras coisas porque pensa que o que foi adquirido é definitivo. Mas não é. O amor, por mais forte que seja, se desgasta também. Viver a dois é viver a dois e não somente dormir a dois. Se cada um vai procurar satisfações em outros lados, a relação se termina.

É preciso guardar-se um pouco para o outro. É preciso conservar um pouco de mistério, não ser tão comum. É preciso continuar namorando, mesmo se os meses e anos passam. É preciso não estar distante demais para que o outro perceba que pode escolher outros caminhos, nem junto demais para que o outro não se sufoque.

É preciso muita maturidade para se viver essas situações. É preciso guardar-se de envolver as famílias nos problemas do casal.

Se você se encontra numa situação assim e precisa conversar com alguém, tenha sabedoria para escolher essa pessoa. Pais e mães, com todo o amor e respeito que devemos a eles, estão emocionalmente envolvidos demais para que possam ajudar e dificilmente não vão tomar partido, o que ao invés de ajudar, só atrapalha.

O próprio nome diz: vida a dois. Problemas a dois. Soluções a dois. Porque a felicidade ou infelicidade é a dois também.

E Deus, que é Pai dos dois, saberá dar orientação. É preciso, nesse caso, olhar para Ele, que sabe perfeitamente onde colar os pedaços e dar unidade onde nossos olhos humanos só vêm duas metades separadas e sangrando.

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