Para esta palestra sobre casamento, primeiro pensei , como o próprio título sugere, que todos esperam serem felizes no casamento. Quando apaixonados, todos os olhos estão voltados para a pessoa amada. Não é à toa que todos os contos infantis terminam com o encontro daquela que tanto sofreu com o príncipe encantado e finalizam com "e foram felizes para sempre". Como se houvesse um grande desejo de parar o tempo. Por parte das moças , a vontade de ser protegida e ter filhos é um exercício desde menina. Quando cresce aspira também a ser protegida pelo marido. Para os moços, a expectativa é de ser acolhido num ninho de compreensão e amor . Às vezes são tantas as boas intenções , que a moça engaveta o projeto profissional. A jovem esposa, quando precisa trabalhar, fica morrendo de vontade de ter um maridinho que consiga manter a casa sozinho. Este desejo é reforçado pelos homens que acabam sendo formados para dar conta de tudo, e quando isso não ocorre, se veem desprestigiados. Ela acredita poder realizar todos os sonho levantados nas brincadeiras de casinha. Temos aqui um grande choque entre sonhos e realidade. Os ideais muitas vezes acabam atrapalhando o entendimento do jovem casal.
Mas aparece alguém para atrapalhar os pombinhos. A família dele ou a família dela vêm dar os palpites. A fama da sogra é ruim desde a antigüidade. Acho mesmo que é difícil , ou nós mães, principalmente de rapazes vermos nossos garotos sendo cuidados ,mal cuidados claro , e sempre vamos achar que pelo menos não tão bem cuidados, por outras mulheres. Com certeza, elas vêm com valores muito diferentes. Nesse caso os rapazes são vistos como pobres coitados. No caso das moças também é raro ter um genro respeitado pela sogra. Se isso ocorre, qualquer deslize, coitado, vira vilão. Por parte da nora as queixas são sempre assim: a sogra nunca colabora, protege loucamente seu filhote. Quando vêm os filhos a sogra já vai dizer que os pais são inábeis.
Parece que o ser humano sempre fica perturbado com as diferenças. Não raro família sente-se ameaçada já com a entrada do namorado ou namorada. Mas porque será que casamento entre os iguais sempre foi proibido? O fator genético é importante, mas principalmente esta é uma proibição, até mesmo entre os índios, para cortar de uma vez por todas esta ligação tão estreita do filho com o pai ou a mãe. Só é possível crescer quando existe a ruptura com os pais. Só dá para ser adulto dentro de casa quando se consegue dizer adeus aos pais. Não quero dizer que se deixa de amá-los, mas, dentro de uma casa, só cabe marido e mulher nas decisões. Ah, quantos adeus. A mãe deve dizer adeus aos filhos e estes dizerem adeus aos pais. Este é um ponto muito importante. Quando se perde alguém, por morte por exemplo, os que ficam acabam assimilando as características daquele que foi, como se desta maneira ficasse viva um pedaço da pessoa querida. Acredito que vocês já observaram. Num lar do qual quem parte é a mãe dedicada, acontece um terremoto familiar, deixando vazio, saudade e tristeza. Com o tempo é comum aparecer num dos componentes da família o mesmo papel da falecida. Alguém acaba virando a mãe de todos, tomando a liderança. É verdade que cada um pega um aspecto da mãe : um fica o administrador, outro fica o conselheiro, outro o repressor, e assim por diante. O ser humano sempre sofreu com as rupturas, com a morte, com a solidão.
Mas aparece alguém para atrapalhar os pombinhos. A família dele ou a família dela vêm dar os palpites. A fama da sogra é ruim desde a antigüidade. Acho mesmo que é difícil , ou nós mães, principalmente de rapazes vermos nossos garotos sendo cuidados ,mal cuidados claro , e sempre vamos achar que pelo menos não tão bem cuidados, por outras mulheres. Com certeza, elas vêm com valores muito diferentes. Nesse caso os rapazes são vistos como pobres coitados. No caso das moças também é raro ter um genro respeitado pela sogra. Se isso ocorre, qualquer deslize, coitado, vira vilão. Por parte da nora as queixas são sempre assim: a sogra nunca colabora, protege loucamente seu filhote. Quando vêm os filhos a sogra já vai dizer que os pais são inábeis.
Parece que o ser humano sempre fica perturbado com as diferenças. Não raro família sente-se ameaçada já com a entrada do namorado ou namorada. Mas porque será que casamento entre os iguais sempre foi proibido? O fator genético é importante, mas principalmente esta é uma proibição, até mesmo entre os índios, para cortar de uma vez por todas esta ligação tão estreita do filho com o pai ou a mãe. Só é possível crescer quando existe a ruptura com os pais. Só dá para ser adulto dentro de casa quando se consegue dizer adeus aos pais. Não quero dizer que se deixa de amá-los, mas, dentro de uma casa, só cabe marido e mulher nas decisões. Ah, quantos adeus. A mãe deve dizer adeus aos filhos e estes dizerem adeus aos pais. Este é um ponto muito importante. Quando se perde alguém, por morte por exemplo, os que ficam acabam assimilando as características daquele que foi, como se desta maneira ficasse viva um pedaço da pessoa querida. Acredito que vocês já observaram. Num lar do qual quem parte é a mãe dedicada, acontece um terremoto familiar, deixando vazio, saudade e tristeza. Com o tempo é comum aparecer num dos componentes da família o mesmo papel da falecida. Alguém acaba virando a mãe de todos, tomando a liderança. É verdade que cada um pega um aspecto da mãe : um fica o administrador, outro fica o conselheiro, outro o repressor, e assim por diante. O ser humano sempre sofreu com as rupturas, com a morte, com a solidão.
Ao casarem, muitos arranjos são feitos ou pelo menos tentados. Primeiro é importante observar que ao se separarem dos pais, cada cônjuge acaba trazendo dentro de si aspectos do pai e da mãe, e, vejam bem, não estou falando das características assimiladas ao longo da vida. Curioso 'é que muitas vezes são traços que sempre se criticou nos pais. Este é um jeito , como já falei, do luto, de aliviar dor da separação dos pais. À distancia, podem até virar deuses. Tornam-se os melhores conselheiros. Pai e mãe acabam sendo os mesmos heróis do bem e do mal do filho de 7 anos. Até aquele filho que considera tudo o que o pai fala burrice, no fundo, está enxergando-o como o absoluto mal. Não como pessoa que erra e acerta. Insisto pela dificuldade de separar. Começam a confundirem-se com os pais: "eles é que estavam certos".
Em segundo lugar, toda relação é trabalhosa. Tirando aquela etapa do enamoramento, na qual um deixa passar tudo do outro, Ter que lidar com o fato de serem duas pessoas diferentes sempre é problemático. Quando se está apaixonado, o outro é o bem total, e o eu nem é merecedor de tanta perfeição. Agora vou explicar daonde vem esse sentimento: quando o bebê está com fome e esperneia pelos cuidados e vem a mãe ou sua substituta atendê-lo aliviando a fome e o desespero , deixa uma sensação de grande prazer e gratidão para com a mãe, até a próxima mamada, quando tudo vai se repetir. Esta terá sido a nossa primeira paixão. E esta sensação de prazer será buscada por todos os homens durante a vida toda, como se fosse uma saudade daquele tempo. E mesmo a eterna procura pela felicidade nada mais é que a saudade daquela harmonia mãe-bebê. Digo a felicidade duradoura e estável. Ocorre, porém, que com o passar do tempo, não só a mãe tem mais o que fazer como também a criança quer mais da vida. Alem disso, vêm os irmãos para atrapalhar , o pai que não vai agüentar muito tempo um pequeno vampiro na mulher dele, etc. E é bom que seja assim, porque é desta maneira que ele vai querer crescer, se desenvolver, e abrir seus relacionamentos.
Outro dia ouvi a Helena da novela falar para o filho Fred que estava às voltas com o separa , não separa " O casamento não está bom? Separa, vai atrás da sua felicidade". Taí uma novela na qual tudo vira abobrinha, casar, separar, ter filho, sem contar que só se fala amo , não amo, trabalhar ninguém trabalha. Digo trabalhar no sentido objetivo de realizar uma atividade prá valer, e também trabalhar para resolver os problemas. A Íris com aquele jeito de menina boba agindo segundo os impulsos, Alma fazendo teatro para comover os sobrinhos, Camila olhando para o Edu como o senhor todo poderoso e Helena que só sabe dizer amo, não amo. Esta novela devia se chamar armadilha familiar. Cada um precisa desesperadamente ser amado. Todos sedentos de amor. Numa situação na qual o amor é tão fundamental, a vida fica insatisfatória e pobre. Insatisfatória porque a bem aventurança da paixão é passageira. Estados de amor no adulto são necessariamente alternados com insatisfação. A única situação de absoluta dependência do outro que faz bem é aquela do bebê com sua mãe. Não dá para amarrar o barco inteiramente em alguém . Não é bom para aquele que depende, nem para aquele que é o porto , seguindo a analogia com o barco. Se um dos cônjuges tem como único projeto estar colado ao seu parceiro, está perdido, porque, mais cedo ou mais tarde vai se dar conta de que são dois e não um só. Se são iguais é porque um está tendo que abrir mão do que pensa, da própria personalidade. No fundo fazem isso para evitar atritos, acreditam que as discussões desgastam a relação. Isto é péssimo para qualquer relacionamento. Estes casamentos estão apoiados em doutrinas: dá para falar, não dá para falar. As verdades são estabelecidas e pais e filhos obedecem e rezam a mesma cartilha. Que pobreza! É importante reconhecer as diferenças entre os componentes do casal .A diversidade é trabalhosa mas é muito mais estimulante. Uma mulher que tem suas experiências profissionais, seus relacionamentos de amizade, suas idéias, tem muito mais a contribuir no casamento do que aquela que só tem olhos para o marido. Quem dá muito, cobra muito. Um homem que vibra com as próprias coisas e uma mulher que tem varias fontes de satisfação, têm mais condições de tornar seu casamento criativo. Porque diferentes somos todos .
Todos temos um lado generoso e dedicado e um lado egoísta. Esse lado egoísta pode ser velado ou explicitado. É melhor quando o lado egoísta é reconhecido pela própria pessoa. Por ex. Eu faço a comida que ele gosta . o cabelo que ele gosta, não trabalho porque ele me quer disponível para o lar. Parece que sou super dedicada . É verdade , mas é um pedaço da verdade. Por outro lado faço tudo isso porque sinto-me frágil e menina, que não sei viver longe da sua sombra. É um amor meio interesseiro: eu cuido de você e você me fornece segurança.
O homem inseguro com sua mulher, que morre de ciúmes de tudo, achando que a está protegendo tem é grande medo de perder o controle. Egoísta não é? Este homem está tão preocupado com seu poder masculino, e tão inseguro na sua autoridade que precisa estar afirmando: Quem manda aqui sou eu. Costumo ver que até mesmo as pessoas mais caridosas têm razões egoístas para fazer o bem. No fundo esta pessoa se acha merecedora do céu, satisfaz suas próprias carências através dos outros, alem de deixar uma fama de alma boa. Não fiquem assustados dentro de todos nós existem sentimentos bons e ruins. É melhor reconhecer que temos também razões pouco nobres, porque assim as possibilidades de mantê-las sob controle são muito maiores. Ficar com raiva do filho ou da esposa não significa fazer picadinho dela, embora às vezes dê vontade. Entre os pares existe competição. É comum os homens sentirem um certo desgosto ao verem suas esposas ganhando mais que eles. Ou um certo mal estar de ver o marido tão satisfeito profissionalmente rodeado de oportunidades e contatos; logo aparecem os ciúmes, o sentimento de ameaça, de perda. O problema não é tanto a mulherada, mas o contraste entre a vida de um, comparada com a vida do parceiro. É importante reconhecer quando se está com inveja, com ciúmes com raiva ou mágoa. Vocês sabiam que atrás da mágoa o que tem é puro ódio? Não há problema algum em sentir estes sentimentos pois são altamente humanos. Outro dia ouvi um marido indignado com a esposa porque esta havia lhe dito que estava morrendo de inveja do sucesso dele. Ele respondeu: então temos que nos separar, se chegamos a esse extremo, penso que você virou a encarnação do mal. Ora, temos várias inverdades neste diálogo: 1- Inveja não é extremo coisa nenhuma. É aquilo que todos sentem em alguns momentos da vida até mesmo pelas pessoas queridas. 2- Existem 2 invejas : aquela que destroi como a de Caim e uma outra inveja inofensiva , que pode ser entendida como admiração, aonde você gostaria de chegar. 3- quando você vê só o mal no parceiro, é bom desconfiar. É porque você está querendo ficar com a propriedade do bem. Isso só dá se alguém vira o demônio para representar o outro lado da estória. Por exemplo , mesmo o homem mais fiel , bem comportado, tem desejo por outras pessoas. Até mesmo a mulher mais santa tem seus desejos, se não os vê é porque os esconde até de si mesma. Isto não quer dizer que precisam ir às vias de fato. Então é enganoso acusar o homem de que ele vai trair , ele é rodeado de mulheres na empresa, ou a mulher ser acusada de olhar para todos. Esta pessoa sofrendo de ciúmes, tem desejos e concentra todos as suas vontades de traição no parceiro. "Gente muito ciumenta tem desejo e medo de trair".
Quando você reconhece para si mesmo que tem sentimentos contraditórios já é meio caminho andado. Aí é possível pensar na melhor maneira de agir. Às vezes é o caso de dar um tempo e depois conversar. É mais fácil pensar quando se reconhece os sentimentos que estão atuando. Em novela o tempo todo tem gente dizendo: "mantenha a calma". Normalmente estão falando para esquecer. Mas não estou falando disso, pelo contrário , acho melhor que o casal não tema. Discutir não é brigar e ofender. Quando se discute chega-se a acordos. Na briga, o que tem por trás é o puro ódio. Nesse caso, caia fora vá tomar um sorvete na padaria. Se você não está podendo pensar , vai dizer coisas das quais se arrependerá depois. Mas não guarde muito tempo, por isso o sorvete, que refresca a cabeça. Se resolver congelar o assunto por muito tempo, depois é pior. A mágoa é destrutiva, é como aquele leitão guardado no freezer que atravanca, dá trabalho fazer, e dá pena jogar fora mas enquanto não olharmos para o assunto o leitão fica incomodando até ser descongelado.
Em segundo lugar, toda relação é trabalhosa. Tirando aquela etapa do enamoramento, na qual um deixa passar tudo do outro, Ter que lidar com o fato de serem duas pessoas diferentes sempre é problemático. Quando se está apaixonado, o outro é o bem total, e o eu nem é merecedor de tanta perfeição. Agora vou explicar daonde vem esse sentimento: quando o bebê está com fome e esperneia pelos cuidados e vem a mãe ou sua substituta atendê-lo aliviando a fome e o desespero , deixa uma sensação de grande prazer e gratidão para com a mãe, até a próxima mamada, quando tudo vai se repetir. Esta terá sido a nossa primeira paixão. E esta sensação de prazer será buscada por todos os homens durante a vida toda, como se fosse uma saudade daquele tempo. E mesmo a eterna procura pela felicidade nada mais é que a saudade daquela harmonia mãe-bebê. Digo a felicidade duradoura e estável. Ocorre, porém, que com o passar do tempo, não só a mãe tem mais o que fazer como também a criança quer mais da vida. Alem disso, vêm os irmãos para atrapalhar , o pai que não vai agüentar muito tempo um pequeno vampiro na mulher dele, etc. E é bom que seja assim, porque é desta maneira que ele vai querer crescer, se desenvolver, e abrir seus relacionamentos.
Outro dia ouvi a Helena da novela falar para o filho Fred que estava às voltas com o separa , não separa " O casamento não está bom? Separa, vai atrás da sua felicidade". Taí uma novela na qual tudo vira abobrinha, casar, separar, ter filho, sem contar que só se fala amo , não amo, trabalhar ninguém trabalha. Digo trabalhar no sentido objetivo de realizar uma atividade prá valer, e também trabalhar para resolver os problemas. A Íris com aquele jeito de menina boba agindo segundo os impulsos, Alma fazendo teatro para comover os sobrinhos, Camila olhando para o Edu como o senhor todo poderoso e Helena que só sabe dizer amo, não amo. Esta novela devia se chamar armadilha familiar. Cada um precisa desesperadamente ser amado. Todos sedentos de amor. Numa situação na qual o amor é tão fundamental, a vida fica insatisfatória e pobre. Insatisfatória porque a bem aventurança da paixão é passageira. Estados de amor no adulto são necessariamente alternados com insatisfação. A única situação de absoluta dependência do outro que faz bem é aquela do bebê com sua mãe. Não dá para amarrar o barco inteiramente em alguém . Não é bom para aquele que depende, nem para aquele que é o porto , seguindo a analogia com o barco. Se um dos cônjuges tem como único projeto estar colado ao seu parceiro, está perdido, porque, mais cedo ou mais tarde vai se dar conta de que são dois e não um só. Se são iguais é porque um está tendo que abrir mão do que pensa, da própria personalidade. No fundo fazem isso para evitar atritos, acreditam que as discussões desgastam a relação. Isto é péssimo para qualquer relacionamento. Estes casamentos estão apoiados em doutrinas: dá para falar, não dá para falar. As verdades são estabelecidas e pais e filhos obedecem e rezam a mesma cartilha. Que pobreza! É importante reconhecer as diferenças entre os componentes do casal .A diversidade é trabalhosa mas é muito mais estimulante. Uma mulher que tem suas experiências profissionais, seus relacionamentos de amizade, suas idéias, tem muito mais a contribuir no casamento do que aquela que só tem olhos para o marido. Quem dá muito, cobra muito. Um homem que vibra com as próprias coisas e uma mulher que tem varias fontes de satisfação, têm mais condições de tornar seu casamento criativo. Porque diferentes somos todos .
Todos temos um lado generoso e dedicado e um lado egoísta. Esse lado egoísta pode ser velado ou explicitado. É melhor quando o lado egoísta é reconhecido pela própria pessoa. Por ex. Eu faço a comida que ele gosta . o cabelo que ele gosta, não trabalho porque ele me quer disponível para o lar. Parece que sou super dedicada . É verdade , mas é um pedaço da verdade. Por outro lado faço tudo isso porque sinto-me frágil e menina, que não sei viver longe da sua sombra. É um amor meio interesseiro: eu cuido de você e você me fornece segurança.
O homem inseguro com sua mulher, que morre de ciúmes de tudo, achando que a está protegendo tem é grande medo de perder o controle. Egoísta não é? Este homem está tão preocupado com seu poder masculino, e tão inseguro na sua autoridade que precisa estar afirmando: Quem manda aqui sou eu. Costumo ver que até mesmo as pessoas mais caridosas têm razões egoístas para fazer o bem. No fundo esta pessoa se acha merecedora do céu, satisfaz suas próprias carências através dos outros, alem de deixar uma fama de alma boa. Não fiquem assustados dentro de todos nós existem sentimentos bons e ruins. É melhor reconhecer que temos também razões pouco nobres, porque assim as possibilidades de mantê-las sob controle são muito maiores. Ficar com raiva do filho ou da esposa não significa fazer picadinho dela, embora às vezes dê vontade. Entre os pares existe competição. É comum os homens sentirem um certo desgosto ao verem suas esposas ganhando mais que eles. Ou um certo mal estar de ver o marido tão satisfeito profissionalmente rodeado de oportunidades e contatos; logo aparecem os ciúmes, o sentimento de ameaça, de perda. O problema não é tanto a mulherada, mas o contraste entre a vida de um, comparada com a vida do parceiro. É importante reconhecer quando se está com inveja, com ciúmes com raiva ou mágoa. Vocês sabiam que atrás da mágoa o que tem é puro ódio? Não há problema algum em sentir estes sentimentos pois são altamente humanos. Outro dia ouvi um marido indignado com a esposa porque esta havia lhe dito que estava morrendo de inveja do sucesso dele. Ele respondeu: então temos que nos separar, se chegamos a esse extremo, penso que você virou a encarnação do mal. Ora, temos várias inverdades neste diálogo: 1- Inveja não é extremo coisa nenhuma. É aquilo que todos sentem em alguns momentos da vida até mesmo pelas pessoas queridas. 2- Existem 2 invejas : aquela que destroi como a de Caim e uma outra inveja inofensiva , que pode ser entendida como admiração, aonde você gostaria de chegar. 3- quando você vê só o mal no parceiro, é bom desconfiar. É porque você está querendo ficar com a propriedade do bem. Isso só dá se alguém vira o demônio para representar o outro lado da estória. Por exemplo , mesmo o homem mais fiel , bem comportado, tem desejo por outras pessoas. Até mesmo a mulher mais santa tem seus desejos, se não os vê é porque os esconde até de si mesma. Isto não quer dizer que precisam ir às vias de fato. Então é enganoso acusar o homem de que ele vai trair , ele é rodeado de mulheres na empresa, ou a mulher ser acusada de olhar para todos. Esta pessoa sofrendo de ciúmes, tem desejos e concentra todos as suas vontades de traição no parceiro. "Gente muito ciumenta tem desejo e medo de trair".
Quando você reconhece para si mesmo que tem sentimentos contraditórios já é meio caminho andado. Aí é possível pensar na melhor maneira de agir. Às vezes é o caso de dar um tempo e depois conversar. É mais fácil pensar quando se reconhece os sentimentos que estão atuando. Em novela o tempo todo tem gente dizendo: "mantenha a calma". Normalmente estão falando para esquecer. Mas não estou falando disso, pelo contrário , acho melhor que o casal não tema. Discutir não é brigar e ofender. Quando se discute chega-se a acordos. Na briga, o que tem por trás é o puro ódio. Nesse caso, caia fora vá tomar um sorvete na padaria. Se você não está podendo pensar , vai dizer coisas das quais se arrependerá depois. Mas não guarde muito tempo, por isso o sorvete, que refresca a cabeça. Se resolver congelar o assunto por muito tempo, depois é pior. A mágoa é destrutiva, é como aquele leitão guardado no freezer que atravanca, dá trabalho fazer, e dá pena jogar fora mas enquanto não olharmos para o assunto o leitão fica incomodando até ser descongelado.
Maria Stella Ribeiro de Sampaio Leite, é psicanalista. |
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