segunda-feira, 15 de agosto de 2011



'Psicólogo António Carlos Alves de Araujo-Adultos e terapia de casal- 26921958/ 93883296 TATUAPÉ-Z.LESTE'SP-SP

CIÚMES,ANSIEDADE,INVEJA,CULPA E TIMIDEZ(TUDO O QUE UMA RELAÇÃO PODE TRAZER DE DESTRUTIVO) 



Discutir tão séria problemática, como a questão da crise dos relacionamentos na atualidade, nos remete a dois fatores centrais: fazer um profundo balanço e reflexão acerca de toda a nossa história afetiva, incluindo todas as ocasiões em que estivemos apaixonados, assim como o resultado de todas essas experiências; refletir se no decorrer da vivência afetiva sentiu que o medo do amor era algo que emanava de si próprio, do meio circundante, ou a junção de ambos. É preciso também que cada pessoa assuma a responsabilidade por seu determinado histórico emocional, deixando de lado a tentação de imputar aos outros seu fracasso pessoal.

A experiência clínica comprova que quando a pessoa fracassa em determinado projeto afetivo, seja um namoro ou casamento, estes jamais foram prioridades absolutas do mais profundo íntimo da mesma, sendo apenas representações ou papéis que se sentiu forçada a atuar de acordo com a pressão social. Este conceito pode parecer um tanto leviano se levarmos em conta todo o sofrimento, depressão, ciúmes e outras paixões intensas despertadas quando há um derrocada emocional. Todavia, temos de entender que a intensidade do sofrimento em determinada situação afetiva, não significa que a prioridade de nossa alma seja o amor, mas tão somente o reviver de uma situação antiga de carência e desamparo, amplificado pelo moderno medo coletivo da exclusão social em todos os níveis.

Em vários outros estudos apontei que o problema da questão amorosa é o fato de vários outros sentimentos se agregarem na mesma, distorcendo por completo a sua essência. Assim sendo, não ficará difícil o percebimento de que sentimentos como: orgulho, inveja e ciúmes quase sempre têm se sobreposto ao amor nos relacionamentos em geral. Na psicologia é comum a afirmação de que a pessoa capacitada para o amor é aquela que venceu todos os traumas e barreiras de seu desenvolvimento familiar, se libertando da mágoa de não ter tido mais atenção ou amparo perante seus progenitores. Embora tal fato seja indiscutível, o grande problema nesse processo se dá quando determinado sujeito na luta pela libertação das figuras descritas acaba aniquilando quase por completo a representação masculina ou feminina da afetividade. O resultado é que o emocional da pessoa fica preso em uma total história de dor e sofrimento, atrofiando sua capacidade e coragem para um relacionamento genuíno de entrega e doação.

Após toda a história cultural e social dos movimentos sociais, juntamente com a teimosia do ser masculino em absorver por completo a importância da capacidade emocional, temos um quadro de relacionamento entre homens e mulheres que mais se parece com as trincheiras da 1ª guerra mundial, não ocorrendo avanços significativos de ambos os lados, apenas a manutenção de uma atitude bélica despropositada e constante, não resolvendo as necessidades pessoais dos envolvidos. Para a nossa maquiavélica sociedade de consumo todo esse processo é comemorado, pois como todos sabem, quanto maior a insatisfação pessoal e ansiedade, maior serão o desejo desenfreado de consumo, para compensar o complexo de inferioridade resultante da carência emocional.

Se alguém é excluído ou se exclui da troca amorosa, necessitará da compensação das questões materiais ou sucesso profissional para provar que pelo menos em uma área da sua vida obteve êxito. O sonho abaixo de um paciente esclarece brilhantemente a dicotomia moderna entre poder, afetividade e religiosidade: "Sonhei que haviam construído em minha homenagem um prédio do tipo:" empire states ", quando fui vê-lo, só havia um poste no local; apareceu alguém e me disse que havia um tesouro enterrado naquele local há séculos, sendo que o sinal para a descoberta do mesmo era uma nuvem em forma de escorpião; quando a pessoa estava abrindo o baú com o tesouro, minha concentração se virou para uma aparição da" Virgem Maria "; deixei de lado a preocupação com o tesouro e fiquei absorto pela aparição da santa naquele local; de repente me via diante de minha mãe, discutindo minha independência pessoal".

São impressionantes todos os elementos contemporâneos presentes neste sonho: Poder, ambição, religiosidade e libertação das pendências familiares. O símbolo do escorpião ao contrário do que muitos podem pensar, não representa perigo ou ameaça no concreto, mas todo o potencial afetivo que a pessoa não utiliza por temer a decepção e futuro desamparo perante a questão emocional; a própria questão da aparição da "Virgem Maria", se eliminando os conteúdos religiosos que não compete à discussão neste estudo, representa o desejo de uma mãe ou figura feminina totalmente idealizada, que jamais causou ou causaria qualquer tipo de dor ou frustração. Como fica a possibilidade do amor quando alguém desenvolveu a imagem de um ser tão perfeito em seu íntimo?

A questão da fé sempre será a busca de ajuda perante algo que jamais alguém poderá controlar ou ter poder, sendo algo saudável quando corrobora a humildade e limitação da pessoa perante a incompletude existencial, ou quando a pessoa se apodera da mesma para o amparo e sentimento de comunidade, como dizia o psicólogo ALFRED ADLER; porém é totalmente inapropriada quando gera dogmas e condutas genéricas para todos. A verdadeira fé implica a aceitação de várias estruturas comportamentais, incluindo tabus das religiões, como por exemplo: ódio, conflitos e inveja, e como podemos aprender e evoluir com os mesmos. Os conflitos atuais nos relacionamentos são os espelhos da impotência social que todos vivenciam, desviando para o privado toda a frustração do social. A luta no processo afetivo é um dos preços pagos pela ausência do sentimento de comunidade e sociabilidade, como dizia o psicólogo contemporâneo de FREUD, ALFRED ADLER.

A busca atual pela perfeição nas relações, nada mais é do que o desejo de fuga do medo terrível da entrega, que sempre se mascara no tédio e cansaço de construir um relacionamento. A questão central para a reflexão não é se um relacionamento sempre gera dor, mas qual neurose, desculpa ou conflito que todos se utilizam para não amar?Outro psicólogo histórico da psicologia, WILHEM REICH, chamou todo o processo acima descrito de "peste emocional", sendo que o sofrimento relatado nas relações era um subproduto da profunda repressão sexual imposta pela sociedade. Apesar da pretensa "revolução sexual", este conceito ainda se encontra extremamente atual, pois nada mais ocorreu do que uma falsa liberalidade genital que acarretou um crescente tédio e pavor da entrega como disse acima; apenas devemos acrescentar que a "peste emocional" não é somente fruto da repressão sexual, mas também da interdição dos mais sublimes sentimentos humanos: dedicação, compaixão, estímulo, companheirismo e disponibilidade. Notem que a ausência destes sempre se verifica nos distúrbios da sexualidade, como por exemplo: impotência sexual, vaginismo e ejaculação precoce, pois os mesmos representam o desejo do distanciamento de algo profundo.

Quando cada parceiro literalmente trava a vida do outro, se desenvolveram a inveja e ciúmes no relacionamento. Neste exato ponto mais vale destruir a criatividade e potencial do companheiro, do que tolerar a submissão afetiva presente no ciúme e possessividade. A simples ausência do diálogo já é a prova máxima da destrutividade do relacionamento.

Claro que cada um gosta de representar determinado papel conforme suas experiências de vida. Há o "mártir", que se auto anula constantemente, escondendo sua fragilidade em uma pseudo dedicação ao outro, quando na realidade seus esforços apenas se dirigem não para a solidificação do real amor no relacionamento, mas tão somente para coisas secundárias, como cuidados materiais ou tarefas domésticas como exemplos gerais deste tipo. O impacto do mártir nos relacionamentos é a desenergização de ambos os parceiros, pois não ocorre nenhuma troca significativa da afetividade, apenas o cumprimento de papéis rígidos. O segundo tipo é quase que uma extensão do primeiro, o "apaixonado", sendo que reclama constantemente que não há reciprocidade do seu esforço sentimental por parte do outro. Se sente submisso na relação, e acaba por quase sempre ser trocado por outra pessoa. Obviamente não estou querendo dizer que as coisas inexoravelmente acabam dessa forma, sendo que há felizmente pessoas apaixonadas que são correspondidas. Cabe aqui a análise da problemática dos relacionamentos. Feita esta ressalva gostaria de voltar à discussão dos tipos psíquicos nos relacionamentos.

O ciumento é uma representação extremamente dolorosa da vivência afetiva, sendo que o mesmo é refém quase que absoluto de sua insegurança. É importante ressaltar que o ciúmes é sempre uma via dupla (insegurança e delírios imaginários da pessoa presa neste sentimento, e desejo de poder e vaidade latente do parceiro). É muito comum as pessoas inocentarem quem sofre com as cobranças do ciumento, se esquecendo que uma relação têm o caráter de potencialização dos sentimentos, assim sendo, determinada pessoa presa no ciúmes recebe constantemente um reforço inconsciente do seu parceiro para que permaneça em sua prisão pessoal, pois todos acabam por se regozijar na exibição de seu poder pessoal.

O tipo "tímido" é o mais destrutivo de todos os citados. Como disse em outro estudo, a timidez não é o que comumente as pessoas chamam de acanhamento ou medo do contato social. A raiz da timidez é um jogo perverso onde a pessoa não almeja nenhuma divisão de seu afeto para com o outro, desejando apenas extrair suas necessidades pessoais, que nada mais são do que um profundo ódio internalizado arcaico, por achar que ocupou uma posição secundária na família. O tímido lida com seus sentimentos perante o social como se fosse uma espécie de "caixa preta", não revelando nunca sua intimidade. No ser masculino o tímido se revela como disse acima no ódio em relação às suas origens familiares e posição que ocupava na mesma; na mulher a timidez é notada na extrema dependência das figuras parentais, principalmente a materna.

Não raro, escuto diversas queixas de homens casados que não conseguem constituir uma nova família com suas esposas, pois as mesmas abandonam todas as suas metas conjugais a fim de suprirem e continuarem dependentes dos pais. É a eternização do clássico conflito da "sogra", só que numa versão ainda mais virulenta, pois esta mulher não se sente como tal, mas como uma "menina" assustada, que não consegue amar, e irá destruir àquele que lhe cobrar tal tarefa. Sua única família sempre será a primeira, não aceitando sair do papel de "filha". Por último há o tipo "salvador", que espelha todas as necessidades não efetuadas do parceiro, se desenvolvendo uma espécie de relação terapêutica entre ambos. No começo tal relação é extremamente benéfica para o parceiro carenciado, mas não demora muito o desenvolvimento do sentimento de ódio e inveja perante o potencial do outro, pois é notório o complexo de inferioridade perante a pessoa que detêm o poder e competência na questão afetiva. O mártir começa a se queixar que nunca suas necessidades são atendidas, não percebendo que sua atitude também é uma fuga da entrega e amor, pois se tornar um terapeuta implica em não estabelecer um envolvimento pleno com a pessoa nos mais variados níveis, além do que o mesmo sempre vê sempre a problemática do outro e oculta a sua.

Não existe um relacionamento que não seja o espelho dos mecanismos sociais e econômicos, e o verdadeiro amor é uma espécie de atalho que se cria quando refletimos sobre todas essas influências citadas. A psicologia social nos ensina que todas as experiências sociais são vividas também no plano emocional, assim sendo, não há uma só pessoa que não sentiu a sensação caótica de miserabilidade e exclusão no plano pessoal.

O leitor indagará o por que da dificuldade de mudar o quadro todo acima descrito? O medo da mudança tem uma profunda raiz na religiosidade, pois a pessoa desenvolveu a crença de que apesar de todo o sofrimento, sua relação ainda sobrevive. O novo é sempre visto como uma perda quase que irreparável. Historicamente, qualquer novo comportamento humano nunca teve o apoio dos "deuses", ao passo que a auto comiseração possui a bagagem de milênios de religiosidade impregnada. É absolutamente ingênua a pessoa que não percebe que em um relacionamento há dois tipos de juramento: o primeiro se baseia no desejo sexual e prazer de estar com a pessoa, clamando por prolongar o máximo possível tal encontro, seja através de um namoro ou casamento; o segundo juramento que poucos percebem é a necessidade de vivenciar determinado potencial destrutivo com o outro, abrindo caminho para todo o tipo de emoções negativas ou destrutivas: inveja, depressão, culpa, ódio, arrependimento e ciúmes. Este último é como qualquer vício que no começo desperta um prazer, porém, com o decorrer do tempo acaba por sugar e aniquilar por completo a energia da pessoa. Em suma, todo o potencial afetivo apenas acaba sendo vivenciado pela dor. Não perceber os juramentos das duas partes da personalidade(consciente e inconsciente) é simplesmente condenar a relação ao término absoluto. Enfim, é fundamental observar se dentro de um relacionamento desejamos a vivência da troca do prazer, ou apenas usar o mesmo como palco de todos os dramas passados não resolvidos.

Diante das considerações citadas, não é difícil imaginar o medo de qualquer envolvimento. Porém, uma das maiores tolices perpetradas pela maioria das pessoas é a fuga da dor se ausentando de uma relação. A escolha passa então por dois pólos distintos, mas complementares em termos de infelicidade; por um lado medo nos seguintes níveis emocionais: frustração perante o parceiro, temor de ser traído, tédio, incompatibilidade de caráter ou de ações em conjunto, perda gradativa da libido e arrependimento. Caso a escolha se dê na tarefa simplista da solidão para se evitar qualquer dor afetiva teremos: angústia, sensação de vazio interior, manifestações de doenças psicossomáticas,e ansiedade mórbida, que pode ser definida como a certeza interna da incapacidade de se resolver determinado problema.

A ansiedade também é a concentração em determinado objetivo da vida, mas com a sensação crescente de que algo maior foi abandonado; um dever absoluto adiado, gerando eterno conflito. O dever citado faz parte do material psíquico do passado da pessoa, que tomou quase que por completo a vontade da mesma, inserindo toda nova experiência no contexto da dor pretérita. A ansiedade é a eterna e impagável dívida com o mais profundo sofrimento; o "tutor" onipresente que restringe eternamente a satisfação e quietude da mente. Claro que há a ansiedade construtiva, que nos leva à uma maior dedicação e esforço na consecução de determinado objetivo. Todo o potencial emocional de um ser humano só é direcionado para algo saudável quando há a troca, do contrário toda essa energia só alimentará a autocomiseração e ódio interno. Já deveria ser bem óbvia nossa incapacidade pessoal de gerir as emoções sem a crítica ou participação de alguém. Não é à toa que o temor da psicologia permanece mais vivo do que nunca em nossa era.

Se observarmos os transtornos alimentares e preocupações estéticas de nossa sociedade teremos a chave para o dilema colocado anteriormente. Como todos estando "famintos" podem recusar a troca emocional? Vivemos em constante anorexia e bulimia emocionais, e todo culto estético é a prova de que a sedução já não tem mais nenhum sentido íntimo, fora à competição, vaidade ou medo de ser excluído como pessoa. A beleza é a ilusão mais espetacular contra o desafio diário e na maioria das vezes tedioso de um relacionamento. É a droga natural que a sociedade moderna cultua para fugir a qualquer preço do temível complexo de inferioridade. Os efeitos colaterais sempre serão: medo, ciúmes, sensação de jamais ter sido amado, mas apenas o esforço incessante na esfera da sedução. Todos no passado tinham o referencial do casamento como fonte do amor, independentemente dos dramas causados pelo mesmo; talvez a primazia hoje em dia seja a beleza, segurança econômica ou emocional.

O ponto que gostaria de enfatizar é que a sobrevivênvia de uma relação só ocorre se a tratarmos como algo a ser explorado diariamente, refletindo constantemente sobre as imagens do passado fixas na memória de ambos os parceiros, que obscurecem novas condutas para a relação. A atração é apenas o começo da exploração de tão delicada tarefa, que é o encontro de dois seres. Para aqueles que genuinamente buscam a transformação, não tardará a descobrirem que a raiz do amor é a permissão para que o parceiro altere significativamente nosso destino, aceitando que ambos possuem a vontade e potencial para tal tarefa.

SEGUNDA PARTE: O COMPLEXO DE INFERIORIDADE(ANÁLISE PSICOLÓGICA SOBRE O LIDAR COM O PASSADO E OS TRAUMAS INFANTIS)

Talvez não exista desafio maior para qualquer ser humano do que lidar com suas experiências pretéritas e o impacto destas sobre sua saúde física e psicológica. O primeiro ponto para a reflexão é: Gostaríamos de esquecer ou reviver as antigas experiências? A resposta para tal pergunta norteará a essência do caráter da pessoa; extroversão e motivação para o novo, caso a resposta seja a primeira, ou introversão e confinamento no imaginário na segunda opção. Claro que isto não é uma regra fixa, pois não podemos declarar uma pessoa como sendo mais retraída ou desanimada apenas por estar presa no passado, sendo que o conceito é apenas para termos um parâmetro do funcionamento mental do indivíduo. Devemos refletir quais mecanismos conscientes ou inconscientes as pessoas se utilizam para reviver determinadas etapas inacabadas. As estratégias utilizadas definirão o tipo de motivação pessoal frente à esfera social.

SIGMUND FREUD chamou de “compulsão a repetição”, o processo de reviver interminavelmente determinada neurose, assim sendo, quando alguém como exemplo repetia um relacionamento ou acontecimento frustrado, seria uma tentativa da libido descarregar a energia acumulada ou represada até conseguir o êxito de sua missão. FREUD associou tal complexo ao instinto de morte inato no ser humano, pois o prazer absoluto ou ausência da dor, apenas seriam obtidos no retorno ao inanimado, que seria a morte. Embora tal conceito até o presente seja um tanto difícil de ser elaborado, não precisamos ir muito longe para vermos que determinadas pessoas possuem um núcleo doentio de sempre estarem repetindo suas experiências mais dolorosas. Porém, o que FREUD deixou de mencionar é que a repetição na sua essência é um desafio imposto pelo ego frente ao orgulho ferido. A pessoa mesmo sabendo do risco da continuidade de determinada desgraça, aceita novamente uma situação similar, como o jogador compulsivo. É o famoso complexo de inferioridade descrito pelo psicólogo contemporâneo de FREUD: ALFRED ADLER.

O sofrimento passa a ser um preço de baixíssimo custo para uma alma que necessita de reparação, seja por ter sido excluída do afeto, ou totalmente imbuída do desejo de vingança. Estes são indiscutivelmente dois dos núcleos da alma humana, embora todos gostem de esconder tais sentimentos com a capa da religiosidade. Chegamos à conclusão de que uma das coisas mais importantes para qualquer pessoa é o clamor arraigado por uma escuta de alguém que lhe diga seu valor e a oriente emocionalmente, do contrário, a depressão tomará sua alma. A essência de qualquer neurose não é a repressão sexual, mas principalmente a ausência do “tutor emocional”; alguém com certa experiência de ser amado e que nos mostre o caminho para conseguirmos semelhante experiência. Fica claro que a partir do percebimento de repetições constantes de frustração, é chegado o momento da procura da ajuda. O cerne da psicoterapia é justamente desfazer esse vínculo eterno com o vício de sofrer; não que seja possível apenas vivenciar o prazer, mas o importante é a estrutura emocional para lidarmos e aprendermos com as coisas que não deram e não podem dar certo, aceitando em todas as esferas nossos limites, como toda a psicologia gosta de enfatizar.

É importante perceber que a personalidade estratificada na culpa e dor acha mais fácil o puro sofrimento, do que a utilização de sua experiência como conteúdo e suporte para milhares de histórias de tragédia e desamparo ao seu redor. O complexo de inferioridade extremo é restringir o sofrimento para uma esfera totalmente privada, retirando do indivíduo o conhecimento profundo sobre as emoções negativas; dádiva incomensurável em nosso tempo.

Como ADLER sempre assinalou, a vivência da dor é uma tentativa torpe da busca da superioridade social, sendo que a pessoa não apenas diviniza seu sofrimento, mas, o coloca numa esfera única e inatingível no tocante à sua dissolução. Em termos do passado, esta personalidade irá se perguntar se deve aceitar o conformismo que reforça sua dor, ou algo de extrema dificuldade para seu ego: mobilizar pela primeira vez seus mecanismos conhecidos para uma “revolução” interna, aceitando toda a ansiedade decorrente.Se tivéssemos o hábito da reflexão e busca do autoconhecimento iríamos relembrar como passamos por cada etapa de nossa vida, e qual marca pessoal depositamos frente às novas experiências; (Primeiro dia na escola; conversar com alguém fora do âmbito familiar; puberdade e masturbação; primeiro namoro; sexualidade e primeiro emprego). A tônica destas experiências foi: ansiedade; choro e depressão; medo; alegria ou gozo pessoal?

Entender o centro de nossa personalidade é tarefa vital na busca do conhecimento interno e satisfação. A raiz do complexo de inferioridade descoberto por ALFRED ADLER é a constante instabilidade emocional, decorrente das precárias experiências de socialização do sujeito. O prazer para ADLER, não era apenas uma experiência de satisfação pessoal, mas, sobretudo, a possibilidade do sujeito usar seu potencial para modificar a história de sua comunidade. Caso a pessoa falhe nessa jornada, o prazer será eterno companheiro da angústia e tédio, reduzindo a intensidade das experiências gratificantes. ADLER inclusive cunhou uma fórmula para o entendimento da natureza do complexo de inferioridade: Experiências precoces infantis de rejeição= desenvolvimento do complexo de inferioridade= tentativa de compensação através do excesso de doenças infantis de fundo emocional ou comportamento de birra= caráter individualista; ou criança mimada no sentido de ter poder forçando a atenção de todos para seu problema; ou simplesmente não participando da vida familiar (timidez)= recusa constante de dividir suas vivências; principalmente no tocante às emoções; não contribuindo com o progresso emocional entre os membros de seu grupo. ADLER via o modelo mental como uma miniatura individual das relações econômicas e sociais, e não precisamos de nenhum esforço intelectual para descobrir como todo o exposto é tão óbvio em nossos tempos.

Podemos concluir dizendo que o medo maior de todo ser humano é a fusão de sua história pessoal e emocional (incluindo todos os traumas ou vivências subjetivas de desamparo individual), aliado à expectativa do julgamento do meio (opinião alheia), fator determinante no direcionamento do estilo de vida que a pessoa irá adotar, sendo uma das medidas mais exatas de seu amor próprio.





BIBLIOGRAFIA
ADLER, ALFRED. O CARÁTER NEURÓTICO.MADRID: EDITORA PAIDÓS, 1932.

COLABORADORES: IRINEU FRANCISCO BARRETO JÚNIOR(SOCIÓLOGO)
SIMONE JORGE (SOCIÓLOGA)


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